terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Alma Lee

Meu querido, desperto, bem. Por esse arroto tive que sacrificá-lo àquela tarde. Minhas palavras, pedidos de perdão, justificam passo a passo o prazer mundano. Seus olhos sangrados em lágrimas não deixaram observar o gozo do nosso ato mas a beleza conjugou-se crucial.

Quando te tranquei, tiramo-nos as roupas, uncei teu peito com minha saliva, mas confesso ter sentido nojo.
Aquele rato, nosso segredo, estava faminto. E de tanto que sentira fome cambaleava sonolento na grande caixa (o aquário do maldito peixe dourado) que reservámos para esquecê-lo; fedia. Lembra-se? Quando rindo apelidamos a peça de Clemence?! Mas acontece que ele, vivo, já começara seu processo de decomposição.

Não quero que de onde você está se sinta culpado de sua ambigüidade por isso cá aso cristão que me ouvem chamarei-o de Clemency.
Clemence, talvez o falhe, mas as amarras que te postularam ângulo secundário de saudoso retângulo permitiram-te sorrir.
E pisquei os olhos por gratidão. Abri suas pernas, e mais, até prendi-as. Não quis mais, nunca mais, olhar seus olhos somente este aqui do qual jamais esquecerei e que me rende pomposo salário.

Então, Clemency, a regressão enfim se deu, falamos dos ídolos gregos, em água em forma de pó, eucalipto,-tol certo ungüento, a medida que a conversa estendia-se eu pinçava o rato imundo, a medida que gorjetávamos, trocávamos gargalhadas a sorrisos, sorrisos a sadia presença, ao instante; apertava o mamífero à taça. Se champagne tivesse oferecia afim de alcançar a sutil perfeição, mas como sacrifício não envolvemos mestre Dionísio (estava ali, já tão mudo).
Encaixei pois a taça afunilada em suas nádegas, o fio que separava os dois animais se rompeu. o som que somente ao finar, sufocado, concedeu a sua morte salvou-me da mentira de não ter mais olhado em seus olhos. Foi lindo.
Alma Lee - Sobre seu penultimo vício amoroso.

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